sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Existe algo que sai de você, inconsciente e despropositadamente, e que, na sua presença, me transforma em justamente aquilo que você não quer que eu seja: um cordeirinho indefeso diante de um predador. Contra tal fatalidade, tudo o que posso fazer é me ajoelhar aos seus pés, pedindo que não me condene, pedindo que acredite que eu não sou assim quando você está fora e pedindo para aceitar a minha devoção como for, porque a causa dessa dependência inexplicável é a mesma causa do meu desejo.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Nem o Sirk ignoraria a evidência de que nascemos um para o outro. A evidência de uma união profunda entre duas almas quietas e sublimes, que nada sabem, nem querem saber, para além de que existem juntas.
Perguntas-me onde nos deitaremos, abraçados. Respondo-te que em qualquer sítio, porque desde que esteja contigo, e o meu coração bata, estarei bem.
Viver é contigo.
Hoje fui fazer exames ao coração. Mas havia um problema qualquer. Eles não o encontraram. Vim embora sem ter feito os exames. Não foi simplesmente possível. E eu fiquei muito assustado. Perguntei: O QUE ESTÁ ACONTECENDO??? E eles disseram simplesmente: Querido, a verdade é que não podemos fazer-te um exame ao coração. é que, sabes, tu não tens um. Foi como se o mundo desabasse sobre mim. Desatei num pranto. Enchi a clínica com as minhas lágrimas. Às tantas todos nadávamos nelas, quais Alices no país das maravilhas.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

THE HAIRDRESSER: Rodrigo, em primeiro lugar, gostaria de agradecer a imensa oportunidade de travar essa entrevista com você. Inicialmente, responda-nos, existiu algum personagem que tenha lhe inspirado ou que tenha motivado uma maior conexão com as artes dramáticas?
Rodrigo: O prazer é todo meu, e eu gostaria de agradecer a todos pela oportunidade. É um imenso prazer recebê-los aqui em minha humilde casa. Bom, quanto à pergunta, creio que ficaria com a Gilda, pela sua força, tranqüilidade e vigor com que representou a mulher de seu tempo. De certa forma, eu também quero representar a mulher do meu tempo! (Solta uma risada macia, enquanto traga o primeiro cigarro da manhã.)
THE HAIRDRESSER: Então a Rita Hayworth serviu como...
Rodrigo: Sim!
THE HAIRDRESSER: Conte-nos sobre o seu último filme. Você interpreta um jogador de cartas que se lança à prostituição depois de perder todo o dinheiro nos cassinos. Como foi a experiência de lidar com um personagem tão desesperado, que aceita vender o próprio corpo para continuar vivendo?
Rodrigo: A minha maior ambição, como ator, é quebrar todas as barreiras. Não escondo de ninguém que já precisei me prostituir no começo da minha carreira. A prostituição foi difícil, mas, afinal, valeu a pena, porque fiz contatos com o meio cinematográfico, consegui chamar a atenção dos produtores pela minha beleza e, aos poucos, adquiri minha própria independência profissional. Claro que houve experiências ruins, como em tudo na vida, mas acredito que é um trabalho como qualquer outro e que merece respeito.
THE HAIRDRESSER: Como foi o amadurecimento para o papel?
Rodrigo: Eu entrei em contato com diversos profissionais da prostituição para assimilar os trejeitos, a forma de levar a vida, pois a minha experiência havia sido muito tímida e rápida. Descobri que os rapazes que vendem o próprio corpo são seres humanos como quaisquer outros, e que muitos estão nessa vida porque não há outra opção! E, ao contrário do que muitos pensam, são pessoas limpas, cheirosas e muito boas de cama!

Rodrigo, já levemente alterado pelo whisky matinal. "A prostituição foi difícil, mas valeu a pena."
THE HAIRDRESSER: Deixando esse assunto um pouco de lado, no filme, seu personagem sofre uma desilusão amorosa. Você já passou por alguma experiência assim?
Rodrigo: Eu sou um ser humano, né? (Risos) Já tive minha alma e meu sentimento roubados, mas hoje posso dizer que sou uma nova pessoa. Já escrevi carta de amor, já até chorei de saudade e perdoei! Não sou ainda uma pessoa madura, mas já aprendi que não existe nada mais nobre que o perdão. E, já que estou sendo sincero, estou disposto a passar por tudo isso de novo. Agora estou solteiro, mas já estou em busca de um novo amor.

Rodrigo sobre dieta: "Não consigo resistir a uma lasanha"
THE HAIRDRESSER: E sobre alimentação, como é a sua dieta?
Rodrigo: Eu como de tudo. E posso falar mais? Adoro Coca Cola e hamburguer. E não consigo resistir a uma lasanha. Mas faço vôlei, nado e levanto peso, senão meus empresários me demitem amanhã!
THE HAIRDRESSER: Mudando um pouco de assunto, você não tem medo de sofrer críticas por ser tão influente com tão pouca idade?
Rodrigo: Ah, acho que não tenho! Você sabe quantos anos a Elizabeth Taylor tinha em A Place in the Sun? 19! Eu já estou com dois anos atrasado, inclusive já estou com uma ruga aqui no olho, quer ver? (Aproxima o rosto do entrevistador) É um absurdo! Ainda bem que eu sou da geração do peeling.
THE HAIRDRESSER: Antes de nos despedirmos, não poderíamos deixar de esquecer aquele incidente com a Natalie Portman. É verdade que ela avançou em você durante o último Festival de Cannes com inveja do seu sucesso?
Rodrigo: Quantas vezes eu vou precisar dizer que essa história não passa de mito? Isso nunca aconteceu, eu e a Natalie somos grandes amigos, apesar do que a imprensa diz. Temos várias coisas em comum, gostamos de comida brasileira, temos um poodle-toy e adoramos golfe.
THE HAIRDRESSER: E, para finalizar, Rodrigo, que recado você deixa afinal para todos os seus fãs e leitores da The Hairdresser?
Rodrigo: Espero trazer ao mundo o ator que a minha geração não teve. Obrigado por me amarem.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
O homem mais bonito do mundo é o Alain Delon. Não existe nada mais belo que o maxilar do Alain Delon, do que o penteado para o lado do Alain Delon. O olhar do Alain Delon. A bunda do Alain Delon. O cheiro do Alain Delon. O jeito de andar do Alain Delon. A pele do Alain Delon. Em 2010, eu vou aprofundar meu francês e aprender italiano, só para ficar um pouco mais parecido com o Alain Delon. Nos dias em que eu estiver triste e sem carinho, basta pôr Plein Soleil para assistir, esquecer a trama e apenas entrar em depressão chique por causa do jeito como o Alain Delon ajeita o cabelo, pela delicadeza máscula com que ele calça sapatos brancos, pela força com que ele conduz um barco em alto mar. O mundo é um lugar mais agradável, graças ao rosto do Alain Delon. Assim é, assim sempre será, e de outra forma não poderia ser.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
O dia de hoje
Hoje não é dia de ir para as aulas. Eu conto-vos que dia é hoje:
Hoje é dia de chuva. Choverá torrencialmente. O destino cometeu um erro, ao pôr-me acordado às 06:17 da manhã, mas isso será coberto pelas horas que dormirei, a partir de daqui a meia-hora, digamos, quando chegar cá a casa o homem com quem partilharei a minha cama até logo, às 14 horas.
Nem muito alto nem muito baixo, com os braços fortes, uma boca bonita e, mais importante, um sorriso exuberante. Mistura da sexualidade simultaneamente doce e bruta de Marlon Brando com a intemporalidade do olhar inocente de Montgomery Clift.
Desligarei o aquecedor, os nossos corpos arrefecerão e iremos para a cama, onde, por debaixo dos lençóis, nos aqueceremos mutuamente com carícias imensas. Quentinhos, faremos amor lenta e suavemente, como o amor deve ser feito, e depois conversaremos um pouco e riremos, ou então talvez nem conversemos, porque o nosso entendimento será tão perfeito que palavras estarão a mais.
Adormeceremos abraçados.
Às 14 horas, acordarei com um cheiro delicioso povoando o quarto, e resmungarei, porque não gosto que cheiros de comida me invadam a casa, mas então, na cozinha, verei que ele me prepara um delicioso almoço, pleno de coisas boas (não vos posso dizer o quê, porque será surpresa). Sem que ele me veja, abraçá-lo-ei por detrás, e ele dirá: «António?», brincando, e eu fingirei amuo e ciúmes, e então ele cobrir-me-á de beijos. Riremos ambos, sonoras e doces gargalhadas.
Almoçaremos em silêncio, mais o barulho da chuva violentando, sem pudor, a casa. Iremos para o sofá, onde veremos um filme: talvez "A streetcar named desire", ou um com a Ava Gardner ou a Deborah Kerr. Talvez o "The apartment", ou um daqueles filmes que são tão românticos que dão imensa vontade de fazer amor, apaixonadamente, depois.
Não haverá aulas, logo não haverá faltas a aulas. Também não haverá tempo, logo não haverá ansiedade e medo. O mundo será uma redoma onde tudo será imenso e delicado. Eu estarei no seu centro e serei feliz.
Assinar:
Postagens (Atom)